terça-feira, 1 de novembro de 2011

Conselho Federal de Jornalismo – Caso de censura ou de ética?


A ética no exercício da profissão de jornalista é um assunto muito polêmico. Sempre que algum jornalista “quebra” alguma regra da ética profissional, volta-se com a discussão da necessidade de um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). O primeiro projeto para criação do Conselho foi encaminhado ao Congresso Nacional em 1965. A proposta do CFJ é que seja um órgão para orientar, disciplinar e fiscalizar a profissão. Mas afinal, o que vai mudar na vida do jornalista com a criação do CFJ? Muitos jornalistas declaram oposição à criação do CFJ. Alguns alegam que o CFJ seria um órgão para censurar o exercício da profissão e que poderia interferir nos conteúdos apurados pelo jornalista. Outros já defendem que, a profissão jornalista tem grande relevância social e, por isso, é necessário um órgão para fiscalizar o cumprimento da legislação profissional. Para esses jornalistas, o CFJ traria benefícios aos profissionais do jornalismo. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) disponibilizou em seu site uma página sobre o CFJ com um histórico e algumas perguntas frequentes:

Qual a finalidade do Conselho?
Retirar do Estado a atribuição de expedir os registros profissionais, hoje sob a  responsabilidade  do  Ministério  do  Trabalho  (através  das  DRTs);  velar pela  aplicação do  código  de  ética;  colaborar  com  o  aperfeiçoamento  dos cursos  de  jornalismo;  normatizar  o  estágio.

O Conselho vai censurar a imprensa?
Não.  Ele  vai  cuidar  dos  registros  profissionais  (como  em qualquer conselho profissional) e da aplicação do Código de Ética dos jornalistas.

Mas precisa de um Conselho para cuidar do Código de Ética?
Sim, porque essa é a forma de torná-lo obrigatório para o exercício da profissão como em outras categorias (advogados/as, médicos/as, psicólogos/as etc).

Ao tornar o Código de Ética obrigatório, não se corre o risco de limitar o trabalho jornalístico?
Ao contrário. Hoje, o/a jornalista que não concorda com uma ordem de seu patrão ou chefe que fira a ética não tem a quem recorrer. O Conselho será uma proteção para o profissional ético e responsável.

Por que aparece tanta gente contra o Conselho na mídia?
Porque  a  mídia  está  fazendo  uma  manipulação  ao  dizer que:  é  um  assunto  do  interesse  do  Governo  (Não.  É  de interesse  da  sociedade  e  dos jornalistas);  que  significa  censura  e compromete  a  liberdade  de  imprensa  (é  justamente  o  contrário:  visa garantir  a  divulgação  do  contraditório  com  equilíbrio) e  que  vai  intimidar o  jornalista  (visa  garantir  um  jornalismo  responsável  e  de  boa  qualidade).


Em 2004, o ex-presidente Lula trouxe este assunto para as rodas de discussão novamente. Mas a discussão parou e novamente não foi definido nada em relação a criação do CFJ.


O ministro do trabalho que estava em exercício em 2004, Ricardo Berzoini, afirmou que, "O conselho poderá inclusive proteger, de forma indireta, o próprio jornalista, hoje sujeito a demissão sumária caso se recuse a seguir ordens superiores, mesmo as antiéticas ou destinadas a produzir reportagens falsas ou parciais".

O CFJ e a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo

Em 2009, o STF decidiu pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Então, como criar um Conselho para uma profissão que não se exige o diploma? Um dos argumentos usados pelo Ministro Gilmar Mendes é de que o jornalista não oferece risco à sociedade, por isso não precisa de um curso preparatório. Para o STF a exigência do diploma é uma forma de tirar a liberdade de expressão da sociedade.


Muitas são as opiniões e os argumentos sobre a criação do CFJ. E novamente, o futuro dos jornalistas está nas mãos dos políticos que irão decidir a favor ou contra a criação do CFJ.

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